quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Grato Sempre




Certa vez estava conversando com um amigo sobre uma viagem que ele havia feito. Durante alguns dias ele visitou o Haiti, país que foi duramente castigado por um terremoto. Em decorrência da catástrofe, o país sofreu com a morte de milhares de pessoas, grande parte dos prédios veio abaixo, rede de saneamento básico foi afetada, e várias outras situações terríveis. Após a viagem, meu amigo mudou sua forma de ver as coisas. Desistiu de melhorar seu carro, ter e possuir coisas luxuosas, pois no Haiti ele viu que as pessoas precisavam de água potável e alimentos básicos. Durante a conversa, uma expressão marcou minha vida, e me levou a escrever esse texto. Quando meu amigo disse: de agora em diante, sou “grato sempre”!

Atualmente nossa sociedade está mais preocupada com a quantidade monetária que as pessoas dispõem, os imóveis, bens duráveis e outras “características”. Prezamos pelas roupas, acessórios, aparência e outras superficialidades. Essa mentalidade está arraigada em nossos jovens, e infelizmente tem adentrado as nossas igrejas também. Alguns líderes têm pregado sobre a importância de possuir a “benção de Deus”, ou seja, você é abençoado quando sua vida financeira está progredindo, caso contrario, estás em pecado. Esse pensamento é completamente falso! “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” [Mateus 6:19-21].

Uma vida repleta de bens e luxo não representa aprovação do Senhor. Em alguns casos, significa que sua recompensa já foi lhe dada nesta terra “Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” [Lucas 16:25].

A conhecida “teologia da prosperidade” é o maior câncer da igreja atual. Ela prega que ter é mais importante que ser. Possuir bens e riquezas é mais importante do que ser uma pessoa reta, integra, confiável e leal. Essa ideologia tem seu foco nas coisas e no que elas podem nos oferecer. No entanto, Jesus nos mostra que as pessoas são importantes, e devemos amá-las, “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” [Marcos 12:31]. Cristo não nos ensina a amar e buscar as riquezas, pelo contrário, Ele nos ensina que “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” [1 Timóteo 6:10].

Podemos ver que esse artificio ideológico não é recente, e foi utilizando por Satanás, quando Jesus foi tentado. Ele ofereceu os reinos e glória caso Jesus se prostrasse, ou seja, o inimigo deseja que Cristo se rendesse as grandezas dessa terra. Contudo, “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” [Mateus 4:10].

Então devemos ser pobres, desprovidos de bens e não desejar coisa alguma nessa terra? Claro que não devemos ter esse pensamento, temos de aprender a sermos gratos sempre! Devemos amar a Deus em primeiro lugar, e depender exclusivamente d’Ele, confiando em sua soberania e graça. “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? [Mateus 6:25-26].

Nosso pai que estás nos céus se preocupa com cada um de nós. Ele se preocupa tanto que “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” [João 3:16]; “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” [Romanos 8:32]

Não fique tão preocupado com o futuro, viva cada dia, e seja grato sempre!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Deserto II




Após 430 anos de escravidão no deserto o povo judeu foi liberto, e para chegar à terra prometida, Canaã, havia de passar pelo deserto. Essa passagem é muito conhecida e muito usada em sermões.  Muitos citam que para chegar à promessa de Deus, precisamos passar pela luta. Há também aqueles que frisam a provisão de Deus no tempo da dificuldade. Certamente essas observações são excelentes e são de grande edificação. Porém vamos analisá-la de outra perspectiva, a intimidade adquirida no tempo da provação.

Durante 40 anos o povo peregrinou no deserto. Nesse período de tempo foi grande a intimidade entre o povo e o seu Deus. Foi no deserto que o povo viu o mar se abrindo perante os seus olhos e também se fechando sobre o faraó, libertando assim do inimigo poderoso. Foi no deserto que o povo pode descansar sob a nuvem e se aquecer e obter a direção da coluna de fogo que ia adiante deles. Foi no deserto que eles conheceram o maná, e tomaram da agua da rocha.

Muitas foram às dificuldades dos judeus no clima árido (umidade relativa do ar em menos de 20% e a vegetação é rara). E foi nesse momento de intensa necessidade que eles viram a atuação divina. Eles estavam face a face com a nuvem (representação de Deus no Antigo Testamento), tinham contato intimo com o glorioso Deus!

Então podemos dizer que na dificuldade Deus vai se manifestar e nos tirar do deserto? Não! Ele vai atravessá-lo conosco. Vai mostrar que seu poder está acima de tudo e de todos. Ele vai nos conduzir até a terra que nos prometeu, e durante esse percurso Ele vai nos mostrar como se importa conosco, como seu amor é real e verdadeiro. Vai nos guiar com a sua Luz, nos proteger do frio com o seu Fogo, nos alimentar com sua Presença

Se a luta é grande, pense que a intimidade a ser adquirida é muito maior! O importante não é o tamanho do deserto a ser atravessado, importa que Deus, que criou os céus e a terra, estará nos guiando.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Deserto I




 O deserto não é um ambiente muito visitado por suas condições extremas e aparência pouco amigável. Passamos rapidamente por esse ecossistema, julgando que nada pode ser aprendido. Muitas vezes o associamos a solidão e a morte. Um local onde a vida é quase impossível.

Essa aparência “desagradável” e solitária é própria da paisagem e dos animais que habitam nesses locais. Espécies endêmicas, ou seja, encontradas apenas em determinado ambiente, são encontradas nos desertos. São serpentes, lagartos, escaravelhos, vegetais e outros. Encontramos também homens de espécie rara, os homens de Deus.

Muitos homens que Deus usou poderosamente foram primeiramente encontrados nos desertos, como: João Batista, Moisés, Davi e Elias. Todos esses indivíduos passaram algum tempo de sua existência no mesmo local, o deserto. Qual será o significado desse local para a vida de cada um deles?

Cada um desses homens viveu e passou pelos desertos em tempos distintos, mas o sentido foi mesmo para todos. Eles estavam sozinhos, havia pouca disponibilidade hídrica, escassez alimentícia e o clima era devastador. Sendo assim, eles passaram dificuldades em todas as áreas que o ser humano possui. Então o deserto pode ser entendido como um castigo para todos eles? Certamente que não.

Deus levou cada um desses homens para o deserto para tratá-los individualmente. Foi necessário estar em um ambiente onde as interferências externas fossem nulas. As pessoas que costumam nos desanimar ou então aquelas que recorremos quando estamos abatidos, não estavam presentes. Os alimentos sublimes que nos levam a gula, também não existiam. Todas as influências foram excluídas, para que Deus fosse o único foco desses homens.

“O deserto é a escola superior do Espírito Santo, onde Deus treina seus líderes mais importantes” [1]. Esses homens foram levados para um local longe de todas as interferências para que Deus trabalhasse com total liberdade na vida deles. Certamente foi um tempo difícil, pois eles estavam longe dos amigos, banquetes, família, etc. O tempo que cada um ficou na escola do Espirito Santo foi variado, já que cada um foi usado de forma diferente.

 Após esse período de aprendizado, cada um deles retornou para sua antiga cidade ou foi direcionado para outro local. A antiga cidade recebeu um novo homem. Uma pessoa que passa pelo deserto, de maneira nenhuma retorna igual. Aquele que estuda na escola do Espírito Santo é capacitado para realizar grandes coisas.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” [Salmos 23:4].

Elias foi usado por Deus para trazer a mensagem de Deus ao povo. Por meio dele o Senhor fechou os céus e fez descer fogo! Moisés Deus usou para tirar seu povo do Egito, e levá-los à terra prometida. Davi foi o homem que consolidou o território israelita e considerado como um homem segundo o coração de Deus. João Batista preparou o caminho para o Messias, aquele que trouxe salvação para a humanidade.


[1] Paulo, o maior líder do cristianismo – Hernandes Dias Lopes.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Confiança




Uma história. Em um pequeno vilarejo morava uma família de camponeses. A residência de dois andares era habitada pelo casal Johnson e seus três filhos. Certa vez os garotos resolveram se aventurar pela casa escura carregando uma tocha, mas por certo descuido a casa foi tomada pelas chamas. Todos correram para o lado fora, exceto o caçula da família, que ficou preso no segundo andar. Ele se dirigiu para a grande janela que havia na frente da casa. A fumaça o impedia de visualizar seus familiares, mas ele escutava os gritos de seu pai, “Pule meu filho, pois eu vou te agarrar”. Tomado pelo medo e a falta de visibilidade o garoto respondeu, “Pai, eu não o vejo, como posso pular?”. A resposta de seu pai foi crucial para encorajar o garoto, “Filho, você não consegue me ver, mas eu o vejo, confie em mim”.

Essa história nos conta a respeito da confiança. O relacionamento entre pai e filho é colocado à prova. A confiança que o filho tinha em seu pai foi determinante para sua decisão de pular ou não.

Da mesma forma é o nosso relacionamento com Deus, nosso Pai. Por várias vezes enfrentamos incêndios em nossas vidas, e corremos para a janela, a procura de socorro. Deus está do lado de fora gritando, “pode pular meu filho amado, eu vou te segurar!”, mas a nossa falta de confiança, nos faz hesitar e muitas vezes não pulamos.

A falta de confiança é algo terrível, pois não acreditamos em nosso próprio Pai, o relacionamento está enfraquecido. A causa desse enfraquecimento é a fumaça provocada pelo incêndio, já que ela nos impede de ver Deus. Tal impedimento pode tomar diversas formas, como uma demora em conseguir um emprego, namoro que não ocorre, projetos ministeriais que não se concretizam, e muitas outras situações.

Outra história. Certa noite, saí para uma caminhada ao redor de um lago artificial em Belmar. Do outro lado do lago havia um salão de festas chamado Barclay, que hospedava festas, convenções, recepções de casamento e assim por diante. Mais de cem pessoas faziam fila na porta da frente. Haviam todos acabado de chegar de um casamento na St. Rose Church, para a recepção que já havia começado. Podiam ouvir a música e as risadas, as pessoas bebendo e dançando. E a expressão no rosto deles! Estavam todos explodindo de ansiedade, seguros dos seus lugares reservados, mal podiam esperar para entrar[1].

O Noivo, Jesus Cristo, nos chamou para entrar e festejarmos como Ele. Estamos certos de que nossos lugares estão reservados. Sendo assim não há ansiedade no mundo que nos impeça de participar dessa festividade. Temos apenas de percorrer o trajeto da igreja até o local da recepção!

A palavra de Deus está repleta de versículos que nos ensinam sobre confiar em Deus. Em romanos temos um dos versículos mais lindos da Bíblia, em minha opinião, “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” [Romanos 8:32]. O salmista também diz, “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará” [Salmos 37:5].

Confiar significa amar. Você confia apenas em pessoas que você ama. Sendo assim, confie em Deus plenamente.


[1] Evangelho Maltrapilho, Brennan Manning.