segunda-feira, 5 de maio de 2014

O pai que aprendeu a ser filho


É relativamente comum ler ou ouvir algo sobre a vida de Abraão, o pai da fé. Escutamos várias vezes renomados pregadores abordarem temas como: “Esse homem se fortalecia dando glória a Deus”, “O dízimo a Melquisedec”, “Aquele que esperou a promessa”, “Pai de multidões”, e muitas outras. De fato, Abraão foi um homem espetacular, íntegro, paciente, sábio e fiel. Ele caminhava e conversava com o Senhor. No entanto, ele era homem, e passou por diversas lutas e problemas.

Logo no inicio de sua história, Abrão é instruído por Deus, alguém que ele ainda não conhecia muito bem, a deixar sua terra, suas origens, seu lugar de estabilidade. Deus ainda promete a esse indivíduo uma posteridade abençoada e numerosa, algo de grande valor naquela época. Após um período conturbado no Egito, onde seu relacionamento conjugal sofreu um abalo[1]. Devido a sua prosperidade, Abrão possuía muitos rebanhos e bens. Esse fato desperta a inveja em algumas pessoas, gerando conflitos entre os servos de seu sobrinho Ló e os servos de Abrão. Para evitar mais desentendimentos, eles se separam. Cada um parte em uma direção.

As intempéries da vida estão atuando fortemente em Abrão. Desprovido de terras, longe de seus parentes, problemas familiares e sem herdeiros. Um cenário pouco animador. Temos ainda outros elementos cruciais nessa história, tais como: Guerra entre os quatro reis, para salvar Ló, Nascimento de Ismael, Problemas com Agar, serva egípcia e mãe de Ismael, Destruição de Sodoma e Gomorra, Estada em Negueb, onde mais uma vez se escondeu atrás de sua esposa. São muitas dificuldades e problemas que Abraão[2] enfrentou. Até que no capítulo 22 temos o ápice da história, a meu ver.

A promessa divina se cumpriu, e aos 100 anos nasce o filho da promessa, Isaac. Sobre esse garoto estavam depositadas todas as esperanças desse velho homem, o futuro, sonhos e anseios. Esse nascimento foi motivo de riso para todos, inclusive sua mãe Sarah[3].

A paz estava estabelecida em suas fronteiras, o rei Abimelec selou um acordo em Bersabeia, sua casa estava em ordem e com estabilidade. Abraão gozava de paz de tranquilidade.

Exatamente nesse momento de maior tranquilidade, Deus faz um pedido assustador. Deus não pede que Abraão sacrifique seu filho, Ele pede que Abraão entregue seu coração totalmente! Durante a caminhada até o monte Moriá, local do “sacrifício”, Abraão tem tempo para refletir e se lembrar de tudo que passou até esse momento. As inúmeras dificuldades, problemas familiares, entraves militares, e como Deus o ajudou em todos os momentos. Em cada situação o Senhor estava presente, fortalecendo esse homem. Contudo, Abraão ainda não havia entregado seu coração totalmente a Deus, alguns aspectos ainda pertenciam ao homem e não ao Senhor.

No monte Moriá Abraão entregou sua vida totalmente a Deus. Quando o anjo mostrou o carneiro, ele compreendeu a graça e a provisão do Senhor. Abraão entendeu que precisava ser primeiramente filho de Deus, para depois ser pai de muitas nações.



[1] Genesis 12, Abrão teme por sua vida, e usa sua esposa Sarai como “escudo”.
[2] Nesse momento da história, seu nome foi mudado de Abrão para Abraão.
[3] Sarah também teve seu nome alterado, de Sarai para Sarah.

Nenhum comentário:

Postar um comentário